quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ante o Espiritismo

Por Julio Capilé*

Nasceu pequenino em número de adeptos e com muitos detratores. O Espiritismo com esforço e dedicação de poucos foi conquistando adeptos valorosos que difundiram conhecimentos e consolações, compreensão da vida e dos desígnios divinos. E foi levado a toda parte. "Cobriu toda a terra" no dizer bíblico. Representa consolação em todo lar em que penetra. Entretanto é necessário que seja acompanhado, ou melhor, revestido de fé. Sim, fé que muitos confundem com preces bonitas e rebuscadas. O Espiritismo veio para ensinar aos homens as verdades sobre as palavras de Jesus.

Mas não só para revelar o verdadeiro sentido de Seus ensinamentos, como também a fé na Sua força ante nossa vida. É o Consolador prometido com a chancela do Espírito da Verdade que muitos atribuem seja o próprio Cristo, tendo em vista Sua promessa e a demonstração, agora, de que a nova Doutrina é o Evangelho redivivo. Ele cumpriu a promessa. Veio depois que os homens pudessem entender o que Ele dissera.

Seria muito bom que todos que recebem esses ensinamentos pudessem vivê-los. Mas alguns chegam, recebem ensinamentos que os guardam fielmente na memória, sabem que o que Jesus falou é verdade, mas continuam com os velhos conceitos, hábitos e superstições. Conhecem a verdade, mas não a põem em prática. Muitos até, chegam a dizer que "não e bem isso o que Ele quis dizer". É o caso da fé: o Mestre afirmou que tudo o que Ele fez nós também poderemos fazer. Mas deu uma condicionante de que é preciso ter fé. Ele tinha a fé suficiente para mudar um monte de um lugar para outro. Nossa fé ainda pequena não poderá fazer isso, mas o dia em que tivermos a certeza firme e inabalável, nós faremos.

O que se vê atualmente é que muitos "espíritas" são apenas crentes. Não põem em prática o que aprenderam. Nos centros espíritas vê-se casa cheia, mas existem pessoas como uma amiga que me disse certa vez: eu sou muito espírita: há 24 anos tomo passes. Ora, quem chegou ao conhecimento dos ensinamentos da Doutrina que são as verdades do Cristo, em os seguindo, não precisa tomar passe. Seu pensamento ligado permanentemente no Bem proporciona uma ligação com os espíritos bons. Não sofre assédio de espíritos malévolos. Tomar passe é para o necessitado de esperança, de amor, de fé e de caridade. E alguns chegam ao ponto de escolher o médium com o qual deseja tomar passe. Isso aconteceu com as várias religiões. Lembro-me que antigamente os seguidores do Catolicismo que era, praticamente, a única religião no Brasil, pelo menos do interior, freqüentavam as missas aos domingos e só tomavam a hóstia em jejum absoluto. Hoje é a qualquer hora apesar de rega-bofes antes de entrar na igreja. Raros os que apresentam aquela unção que faz a ligação com o Criador. Acho que isso é uma banalização de sua religiosidade.

Assim, atualmente, também existem espíritas que só vão a centros para receberem o passe. Este, entretanto, é um trabalho feito por Espíritos do Bem mediado por um encarnado sensitivo, o médium. A pessoa toma tempo desses abnegados em desfavor de alguns que de fato acreditam e são necessitados. Assim como surgiram, através dos tempos, os "papa-hóstia", agora já aparecem alguns papa-passes.

O importante para a evolução é seguirmos, em atos, tudo o que o Mestre nos ensinou. Fé sem obras é fé inútil. Caridade é o caminho do Reino dos Céus. E esse reino está dentro de nós. A Consciência terá o Céu ou o Inferno dependendo de sua maneira proceder. Viveremos no Paraíso, se tivermos caridade em atos, palavras, pensamentos e atitudes.

*Médico. Escreve às 4ªs feiras no O Progresso - jornal do MS.