terça-feira, 29 de setembro de 2009

Se Jesus já ensinou as Leis de Deus, qual a utilidade do Espiritismo?

Por André Luiz Formiga

É pergunta muito pertinente! Se pudermos analisar o Novo Testamento, com facilidade veremos que este é um repositório de sabedoria dos mais profundos.

Certa vez, Mahatma Ghandi, ainda na Inglaterra, foi persuadido a comprar a Bíblia. Ao ler o Sermão da Montanha ficou deleitado, as palavras foram ao fundo do seu coração. Então, declarou que amava Jesus, sendo acusado até de ser um cristão “secreto”. Ghandi era hindu e, neste século ainda, lutou pela independência da Índia contra a opressão britânica, com sucesso.

Kardec perguntou aos espíritos quem era o tipo mais perfeito para servir de guia e modelo ao homem. A resposta foi curta, Jesus.

Se Ele é, então, o exemplo de homem de bem, qual a contribuição que os espíritos podem nos oferecer? De que maneira o Espiritismo poderá contribuir para o progresso?

Toda religião ocidental se baseia nas revelações de Moisés e Jesus. A figura do Cristo surgiu numa era da Humanidade onde o Império Romano triunfava com violência sobre outros povos, dentre eles, o povo judeu, onde nasceu Jesus. Este povo guardava em suas convicções religiosas, a idéia de um Deus único, revelado por Moisés, mas que era muito temido por castigar aqueles que não seguissem suas instruções. Desta forma, Deus, para os judeus, era imbuido das paixões e dos vícios humanos.

Jesus surge tomando a antiga lei, abandonando a idéia de um Deus tirânico, revelando ao homem o Deus de Amor e Justiça para todos, imparcial, independente de raça ou condição social, acima das paixões transitórias. Vem revelar a vida futura e o que aguarda o homem depois de sua morte. Vem mostrar que para conseguir a verdadeira paz, basta somente que amemos a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, o caminho da fraternidade.

O ponto capital da revelação do Cristo é a iminente transformação nas relações humanas. Estes, encarando a vida presente como secundária, deveriam “guardar tesouros no Céu”, abandonando o orgulho e o egoísmo. Infelizmente, é deste ponto que a Humanidade mais se afasta. Entretanto, Jesus já havia imaginado que isto ocorreria:

- “Muitas das coisas que vos digo ainda não as compreendeis e muitas outras teria a dizer, que não compreenderíeis; por isso é que vos falo por parábolas; mais tarde, porém enviar-vos-ei o Consolador, o Espírito de Verdade, que restabelecerá todas as coisas e vo-las explicará todas.” (Jo 14,16 - Mat 17)

Ao povo a quem falava, faltavam conhecimentos que só poderiam ser adquiridos com o tempo e sem os quais não entenderiam diversas coisas. Por isso usava as parábolas. A Democracia, a liberdade de expressão, a Física e a Química não existiam, assim, não pôde desenvolver seus ensinos de maneira completa, pois eles os achariam absurdos.

Jesus falou de um Consolador que restabeleceria todas as coisas pois já sabia que suas alegorias seriam mal interpretadas; explicaria e desenvolveria as que Ele não pôde dizer, pois sabia que com o tempo os homens progrediriam em Ciência e em Filosofia.

Depois de 18 séculos de conquistas, surge no mundo uma Ciência que revela o mundo dos Espíritos. O Espiritismo, partindo das próprias palavras do Cristo, como este partiu das de Moisés, é conseqüência direta da sua doutrina.

O Espiritismo amplia a idéia de uma vida futura mostrada por Jesus, com a revelação do mundo dos espíritos, dá a esta consistência, tornando-a realidade inconteste. A Doutrina dos Espíritos revela ao homem, os laços entre o mundo corpóreo e o espiritual, o objetivo real de sua existência na matéria e este pode vislumbrar a Justiça Divina por toda a parte.

A revelação da vida antes e depois da morte e a doutrina da reencarnação são, em si, tudo o que o Espiritismo vem somar aos ensinos de Jesus, a esperança numa vida futura é o próprio Consolador prometido.

O Espiritismo vem elucidar os pontos obscuros do ensino cristão no momento em que a razão atinge seu apogeu. Essa a contribuição do Espiritismo, a luta, através do esclarecimento, pelo fim do materialismo!

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