domingo, 19 de julho de 2009

Terapia de Vidas Passadas (TVP) não é Espiritismo


A TVP é uma prática espírita porque também considera a reencarnação? Podemos fazer regressão de memória e lembrar das experiências do passado já que nascemos sem lembrar naturalmente delas?

O fato de terem princípios semelhantes como a hipótese da reencarnação ou a consideração do homem como um ser espiritual em evolução, faz com que muitas pessoas achem que a TVP é uma prática espírita. Isso não é verdade.

A TVP e o Espiritismo têm objetivos distintos. Em TVP o objetivo é eminentemente terapêutico, pois utiliza uma metodologia para enfrentar e superar os sofrimentos dos indivíduos.

A Doutrina Espírita, codificada por Allan Kardec, visa o aperfeiçoamento do homem a partir da observação de princípios morais e filosóficos tirados das comunicações dos espíritos e tendo como base a mensagem de Jesus.

As principais aproximações entre as duas propostas são a consideração da reencarnação, o entendimento do sofrimento como um obstáculo no processo evolutivo, na possibilidade de influências espirituais externas, nas enfermidades e na necessidade de reforma de valores e atitudes como meio de superação do sofrimento.

Entretanto, a maior preocupação por parte dos espíritas, quanto à utilização da regressão de memória como instrumento terapêutico, está na possibilidade de lembrarmos o nosso passado. O esquecimento natural de nossas vidas passadas é entendido, por alguns espíritas, como algo inquestionável.

Ao aprofundarmos nos estudos do Espiritismo, observamos que os espíritos alertam sobre os cuidados e os inconvenientes nessa lembrança, principalmente nos casos que são motivados pela curiosidade. O material revivido pode, de fato, gerar lembranças dolorosas ou o reconhecimento de pessoas que convivem conosco hoje e que foram responsáveis pelos nossos sofrimentos anteriores, causando problemas nas relações interpessoais.

Contudo, quando utilizada com finalidades terapêuticas, veremos a regressão ser considerada por autores espirituais como André Luis, Joanna de Ângelis e Bezerra de Menezes ou encarnados como Hermínio Miranda e Jorge Andréa como recurso válido desde que realizado com critério e seriedade.

A importância do esquecimento do passado pode ser melhor compreendida se observarmos que Kardec aborda suas implicações no capítulo 7, da parte Segunda, de O Livro dos Espíritos que trata “Da Volta do Espírito à Vida Corporal”. Ou seja, quando o espírito volta ao corpo físico, pela reencarnação, ele precisa do esquecimento para que a lembrança simultânea de todas as suas experiências passadas não causem um verdadeiro surto psicótico na personalidade atual da criança em desenvolvimento, fato que comprometeria o desenvolvimento natural dessa nova oportunidade de vida e evolução do ser espiritual.

Outro argumento favorável à utilização da regressão de memória como instrumento terapêutico está na constatação de que só lembramos aquilo que ainda está presente no psiquismo atual do indivíduo. O terapeuta Milton Menezes, afirma que na verdade não vamos ao passado na regressão de memória, mas é o passado que está presente através do sintoma e do sofrimento de hoje, que poderia ser considerado um resíduo que precisa ser entendido e deixado para trás. Seguindo esta linha e, como envolve conteúdos emocionalmente delicados e complexos, só deve ser realizado dentro de um contexto terapêutico para que não traga problemas e desequilíbrios desnecessários.

Como vem sendo desenvolvida por cientistas de diversas partes do mundo, a regressão de memória poderá ser entendida como um recurso que evidencia a realidade espiritual do homem, a hipótese da reencarnação como fenômeno natural e a necessidade de aquisição de valores diferentes aos que vem sendo partilhados pela sociedade contemporânea.

As pessoas que procuram esse recurso sofrem de várias enfermidades, emocionais ou físicas. A maioria delas encontra a superação desses problemas quando identificam suas experiências anteriores e o que ainda traziam dessas experiências e que precisa ser transformado hoje. O sofrimento acaba, então, por se transformar em instrumento de conscientização da sua realidade espiritual e da conseqüente mudança de metas da sua existência. Neste sentido, a TVP e a Doutrina Espírita se aproximam de forma decisiva.

Fonte: Instituto Vita Continua